A Cultura de luto pela perda de Sérgio Napp
MUITO ALÉM DOS DESGARRADOS
"Vamos
fazer um grupo para escrever juntos, topa?", propus. Napp foi o primeiro
que topou. Depois saímos procurando escritores que pudessem compartilhar essa
loucura. E encontramos. Foram dez anos, dois livros e muitos encontros cheios
de leituras, conversas, discussões e afetos incontrolados. E revelações. Seus
olhos claros liam textos ácidos, intensos, assustadores, capazes de arrepiar
até mesmo os seus respeitáveis cabelos brancos. Homem de surpresa. Me ensinou a ser ágil, a
encontrar palavras exatas para os momentos certos. Brincávamos de dizer a
verdade e assim construímos um amizade maior que a palavra. Hoje, na virada da
meia noite, seu coração bateu em despedida e foi embalar outras verdades. Da
última vez que falamos me disse que ainda tinha muitas histórias para contar e
muitos versos para escrever. E assim será. Um homem cheio de verdade, coragem e
posição imprime esse jeito por onde passa. E fica por onde passou. Grande
brincador de palavras, Napp deixa o mundo no dia do brincar e sai festejando a
vida plena que teve, os olhares amorosos que recebeu, os afetos íntegros que
compartilhou e nós, aqui seguimos, entendendo que a vida é dura, ácida e cheia de momentos difíceis. Mas o que seria da gente
sem a generosidade dos poetas que ainda nos ensinam a cantar?" (Christina
Dias)
DÍVIDA
"Algumas
pessoas não deveriam morrer antes de chegaram a patrono da Feira do Livro de
Porto Alegre. A cidade vai ficar devendo isso ao Sérgio Napp. Poucas pessoas
acrescentaram tanto à nossa cultura quanto ele, com um olhar universal sobre o
nosso gauchismo." (Airton Ortiz)
AFETO
"O
Napp era um querido, antes de mais nada. Um amigo de fé, dono de um humor
peculiar e de um afeto sem tamanho. E era um sujeito que criava coisas: letras
de música, poemas, prosa. Publicamos um livro dele na época em que eu dirigia o
Instituto Estadual do Livro, um belo volume
de poemas. Mais tarde, ele passou a frequentar minha casa por causa dos
Seis de Poa, aquela adorável turma que escrevia livros infanto-juvenis em
sistema coletivo, da qual meu marido faz parte. No ano em que perdemos o Carlos
Urbim, que também integrava Os Seis de Poa, a perda do Napp é um golpe em cima
de uma cicatriz viva. Triste demais." (Cintia Moscovich)
POESIA
"Napp,
um poeta da poesia que se quer na prosa, na música, no canto popular. Napp, um
poeta que ser quer na poesia que inventa a vida." (Nelson Coelho de
Castro)
SAUDADE
"Saudades
de Sergio Napp. Difícil de dizer de qual Sergio sentirei mais saudades. Do
escritor de livros infantis que encantam os adultos, reforçando a máxima de
despertar a criança dentro de cada um de nós. Do colega de banca de concursos
literários, que fazia questão de analisar cada texto. Do letrista maravilhoso
que embalou muitos momentos de minha vida. Ficamos nós com nossa saudade, e tu
vais sorrindo, Sergio querido, pois já sabias que o longe é perto o que vale é
o sonho." (Márcia Ivana Lima Silva)
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