A poesia dos farrapos pelos e para os farrapos

Cancioneiro da Revolução de 1835 (Erus, 1981) , de Apolinário Porto Alegre .
Aos colegas gaúchos (e porto-alegrenses), reservamos o momento de desfrutar da literatura "revolucionária" das épocas do vinte de setembro. E é o republicano fundador da Sociedade Partenon Literário, o poeta Apolinário Porto Alegre, que recolhe estes versos em seu Cancioneiro e nos apresenta a literatura produzida pelas mãos (e bocas) dos farroupilhas e pela tradição literária que se seguiu aos dias da Revolução:

AO DIA VINTE DE SETEMBRO

Dia vinte de Setembro,
Dia grato e soberano,
Será de eterna memória
A todo o republicano.

Salve, dia venturoso!
Ao teu aparecimento
Os livres todos mostraram
Geral contentamento.

O herói Bento Gonçalves
Que de nada se temeu,
Vindo o vinte de Setembro
Bateu palmas e venceu.



À PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

O dia doze de Setembro
Foi um dia soberano,
Foi no Seival que soou
O grito republicano.



ÀS FARROUPILHAS

Esta que aqui vos fala
É constante liberal,
Oprimida, perseguida
Pela corja galegal.

Mais vale uma farroupilha
Que tenha uma saia só,
Do que duas mil camelas
Envoltas em ouro em pó.



A BENTO MANUEL RIBEIRO
(Sátira gaúcha)

Pode um altivo humilhar-se,
Pode um teimoso ceder,
Pode um pobre enriquecer,
Pode um pagão batizar-se,
Pode um avarao prestar-se,
Um lascivo confessar-se;
Pode o mouro ser cristão,
O arrependido salvar-se,
Tudo pode ter perdão,
Só o - Bento Manuel - não.

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Ó do inferno terrível instrumento,
Bento!
Dos tiranos a cópia mais fiel,
Manuel!
Lá no inferno te aguardam qual primeiro,
Ribeiro!
Com um montão de chamas, um braseiro,
Bento Manuel Ribeiro! 



O Cancioneiro da Revolução de 1835 está disponível na Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães.  E pode ser conferido também na seção Chute na estante.

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