Fischer e Rodrigues: os ensaístas do inverno


Falar sobre algo ou alguém sem dar chance para esse algo ou alguém se manifestar - considerando tal ato de manifestação possível e realizável - é injustiça. É desrespeitoso. Ignorante, no sentido cru da palavra: ignorante.

Também por isso (e por uma leve e boa vontade de provocar o leitor a participar do 7º Festival de Inverno), escolhemos alguns trechos de textos que dão voz ao, neste caso, ensaísta Nelson Rodrigues e ao ministrante do curso Inteligência com dor: o ensaísmo de Nelson Rodrigues, o professor Luís Augusto Fischer. São eles:

Daqui a trezentos, ou quatrocentos, ou quinhentos anos, os historiadores não saberão onde acaba o século XIX e onde começa o século XX. É possível que eles concluam, como aqui insinuo, que não houve o século XX. Não sei se há casos de época que por um lapso misterioso e fatal da história não nasceram. Como explicar esses períodos falhados, sem nenhuma vitalidade histórica e criadora? (...) O grande acontecimento do século XIX foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota. Até então, o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava.
Nelson Rodrigues sobre o idiota, em O pesadelo humorístico

Talvez o que caracterize no fim das contas a cabeça do ensaísta, qualquer que seja ele, seja um traço de insubordinação, de autonomia, de independência, de tal maneira que seria impossível encontrar um nicho social, uma posição de classe típica para o ensaísta. Ele, no fundo, é sempre um indivíduo, irrevogavelmente um indivíduo, venha de onde vier em sua história pessoal. 
Luís Augusto Fischer sobre o indivíduo ensaísta,  em Inteligência com dor




Inteligência com Dor: O Ensaísmo de Nelson Rodrigues
R$ 20,00
24, 25, 26 e 27/07
10h45min às 12h15min
Sala Álvaro Moreyra

As inscrições para os cursos, palestras e oficinas podem ser feitas aqui na CLL (Av. Erico Verissimo, 307) das 9h às 12h e das 14h às 18h.

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