O legado de Camus

Um dos maiores nomes da literatura mundial, Albert Camus nasceu no dia 7 de novembro de 1913 em Argélia, antiga colônia francesa na África. De estudante a partidário político, inicialmente ativo no Partido Comunista e depois no Anarquista, passando por diversas profissões (professor particular, assistente de Instituto Meteorológico, jornalista, etc.), Camus é lembrado como escritor e filósofo. Conciliava suas reflexões sobre a natureza humana e a estruturação social em suas narrativas, demonstrando ideias e teorias próprias em tramas e diálogos complexos. Seus personagens eram construídos a partir dos paradoxos explorados pelo autor, que se considerava ateu, mas acreditiva que a ausência de crenças religiosas gerava no homem uma busca por salvação e significado na vida.

Camus mudou-se para a França em 1939, onde escreveu para inúmeros jornais, advocando ideais pacifistas. Presente em Paris durante a ocupação da Alemanha nazista, o escritor tornou-se editor do periódico rebelde Combat e relatou a liberação da capital francesa pelos Aliados em 1944. No ano seguinte, foi um dos poucos editores franceses a declarar abertamente sua oposição ao bombardeio realizados pelos Estados Unidos em Hiroshima. No início da década de 50, o filósofo sofreu com sua condição de tuberculoso, mas em 1951 publicou O Homem Revoltado, livro no qual expressava críticas ao comunismo. A publicação custou a amizade com o escritor francês Jean Paul Sartre, devido aos embates ideológicos entre os dois.

Toda a obra de Camus é considerada exemplar na exposição da estética do absurdo, gerada na mente do autor devido à influência de escritores como Kafka e Dostoiévski. Posteriormente, o legado absurdista de Camus seria utilizado por Samuel Beckett em suas obras.

Camus recebeu, em 1957, o prêmio Nobel por sua literatura iluminadora quanto aos problemas da consciência humana. O escritor foi o primeiro africano a receber a premiação, o segundo vencedor mais jovem e o que menos viveu depois de tê-la recebido. A obra que lhe deu o prêmio foi o ensaio Reflexões sobre a Guilhotina, no qual o autor advocava o fim da pena de morte. Mas é impossível lembrar Camus sem citar os nomes de suas maiores obras, como O Estrangeiro, de 1942, A Praga, de 1947, e A Queda, de 1956. A última ganhou até uma versão animada, na qual o artista Mike McCubbins busca demonstrar a essência visual do romance filosófico.

Quatro anos depois de ter vencido o Nobel da Literatura, o escritor morreu num acidente de carro na França. Ele tinha 46 anos. 

O legado de Camus para a literatura é inegável; suas contribuições para o campo da filosofia, também. Suas visões políticas ainda inspiram pacifistas. Nada mais justo do que comemorar hoje não somente o nascimento do vencedor do Nobel da Literatura em 1957, mas também as contribuições que Camus foi capaz de deixar, em seu absurdo e resumido tempo de vida, para toda a humanidade.

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