Caso Kliemann

Um dos crimes mais misteriosos (e comentados) da história do Rio Grande do Sul é o assunto de Caso Kliemann: A História de uma Tragédia, de Celito De Grandi, finalista ao Prêmio Açorianos de Literatura 2011 na categoria Especial.

O tal caso do título é a história das mortes do casal Euclydes e Margit Kliemann. Ela, assassinada em casa, em 1962, sendo o marido um dos principais suspeitos; ele, morto a tiros um ano e meio depois por um vereador de oposição.

Só os crimes citados e suas circunstâncias já dariam um livro e tanto. Mas Celito, através de uma profunda pesquisa, também se propõe a recriar a Porto Alegre do começo da década de 60, fazendo de Caso Kliemann "um capítulo de pura História, que o pesquisador da política rio-grandense de meados do século 20 não poderá relegar a segundo plano", segundo o historiador Sérgio da Costa Franco.

Confira abaixo um trecho do livro:
Quarta-feira, 20 de junho de 1962. Porto Alegre amanhece com o céu coberto de nuvens cinzentas, a chuva viria aos pedaços, intermitente, ao longo do dia. Véspera de inverno, faz frio.

É um dia especial na vida do casal Euclydes e Margit Kliemann. Comemoram o aniversário de casamento, 18 anos. Eles haviam chegado de Santa Cruz do Sul na segunda-feira à noite e ela viera especialmente para estarem juntos neste 20 de junho. Em seus apontamentos, Euclydes escreveu:

"Descarreguei as malas e as levei para cima. Enquanto isso Margit abria as janelas. Desfiz minha mala enquanto ela estava no banheiro. Depois tomei meu chuveiro, e ao voltar ao quarto ela estava tirando a roupa. Levei-a à cama..."

E fizeram amor.

A terça-feira foi de rotina, Kliemann esteve pela manhã e à tarde na Assembleia. Ao meio-dia almoçaram juntos, no Canta Nápoli, um restaurante na esquina das ruas Felipe Camarão e Castro Alves e depois ele foi levá-la para casa, na Rua Barão de Santo Ângelo.

"Comemos bergamotas. Sós em casa, brincamos e acabamos na cama. Saí pouco antes das 14 horas. Margit ficou deitada sem roupa."

Kliemann apanhou Margit no fim da tarde na casa do seu irmão Lauro e foram ao cinema Cacique.

Em Santa Cruz, no final daquele dia, Cristina divertia-se com seus amigos da vizinhança, estourando "bombinhas" de São João, até que uma delas explodiu em seu olho direito. A dor foi terrível, mas o ferimento não teve maiores consequências. Tio Arthur, irmão de Euclydes, o médico da família, encarregou-se de levá-la ao hospital e retirar os fragmentos incrustados no olho, além de protegê-lo com um curativo.

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