Ilha deserta

A Ilha Deserta da CLL recebeu, nessa semana, a visita do compositor e escritor Vitor Ramil. Com uma obra que cruza por vários gêneros, Vitor tem 9 CDs lançados, é pai do personagem teatral Barão de Satolep e autor dos livros Pequod (L&PM, 126 pp, esgotado no fornecedor) e Satolep (Cosac Naify, 288 pp, R$49,00), e do ensaio A Estética do Frio (Satolep Livros, R$18,00).

Qual livro você levaria para uma ilha deserta?
Vitor Ramil - Eu levaria o Dom Quixote. Por que uma ilha deserta é um lugar onde tu vai ficar um bom tempo lá, e o Dom Quixote é um livro bom de ler ao longo do tempo, não é um livro bom de querer ler todo numa sentada. Eu acho que eu levaria esse livro, é um livro divertido e bem escrito. Seria a minha escolha.

O livro:
Dom Quixote de la Mancha é a obra principal, não só do escritor Miguel de Cervantes, como da literatura espanhola. Com 126 capítulos e divido em duas partes, teve seu primeiro volume publicado em 1605 (L&PM, 512 pp, R$23,00) e o segundo em 1615 (L&PM, 520 pp, R$23,00). O personagem título, Dom Quixote, é um fidalgo que após muito ler romances de cavalaria resolve tornar-se um cavaleiro andante. Acompanhado sempre de seu fiel escudeiro Sancho Pança e seu cavalo Rocinante, o Cavaleiro da Triste Figura protagoniza diversas aventuras na busca de provar seu amor e valentia a Dulcinéia, sua mulher amada. O romance foi eleito em 2002 como a melhor obra de ficção de todos os tempos, em uma votação organizada pelo Clube do Livro Norueguês e que teve como júri grandes escritores da literatura mundial.


Trecho:
“Tudo preparado para a partida, percebeu que lhe faltava apenas encontrar uma nobre dama para apaixonar-se. Um cavaleiro andante sem amores era uma arvore sem frutos, um corpo sem alma. Se por azar ou sorte, derrotasse um gigante, teria que enviá-lo à sua amada para que servisse de escravo. Esse era o procedimento da nobre cavalaria andante e Dom Quixote queria seguir, fielmente, seus costumes. Por isso, resolveu eleger uma dama que seria guardiã de todas as suas conquistas. Num passado distante havia amado, em discreto silencio, uma robusta camponesa que, por morar num povoado vizinho e ter outros interesses, jamais se dera conta daquela secreta paixão. Chamava-se Aldonça Lourenço, mas ao fidalgo pareceu melhor dar-lhe outro nome. Era uma princesa e deveria chamar-se Dulcinéia. Como morava na aldeia Toboso, completou o apelido: Dulcinéia de Toboso. Esse nome lhe pareceu musical e digno de tão nobre senhora. Como, aliás, todos os outros que haviam escolhido.
Estava pronto para buscar a glória das batalhas e o gosto da aventura. Completamente armado, montado no altivo corcel, lançou-se ao mundo.”

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