Desvendando o Caso Kliemann

Passados quase 50 anos, o misticismo do Caso Kliemann permanece no imaginário daqueles que vivenciaram o drama. O público do + que Prosa de ontem ouviu atentamente o escritor e jornalista Celito De Grandi contar detalhes sobre sua pesquisa de quatro anos que deu origem ao livro Caso Kliemann – A história de uma tragédia.

A conversa foi conduzida pelo coordenador do livro e literatura, Márcio Pinheiro, que abriu o evento perguntando sobre os recorrentes crimes sem solução do nosso estado - além do Kliemann, os casos Daudt, Becker e Eliseu se enquadram nesse perfil. Celito aponta alguns possíveis fatores, mas acredita, especialmente no assassinato de Margit Kliemann e de José Antônio Daudt, que a cena do crime foi prejudicada, elementos essenciais para a investigação haviam sido alterados.

O escritor contou que a imprensa da época trabalhava de maneira muito diferente do jornalismo que se faz hoje. Os repórteres consideravam-se investigadores e até competiam entre eles; muitas vezes chegavam ao local antes mesmo da polícia. Celito explicou que o ressentimento pelo modo como a mídia tratou o caso foi motivo do silêncio das três filhas do casal, Suzana, Virgínia e Cristina, durante tantos anos.

A maior parte do público recordava do episódio, alguns compartilharam suas experiências e depoimentos de próximos que viveram aqueles momentos. Na época, a cada semana surgiam novos elementos: suspeitas, boatos, personagens.

As conversas e encontros com as três filhas do casal também foram lembrados. O difícil caminho até conquistar sua confiança e conseguir a principal fonte para o livro: o caderno de apontamentos de Euclydes Kliemann. Ao longo da pesquisa, muitas pessoas não quiseram falar sobre o assunto, outras tantas não entendiam porque o escritor queria trazer de novo aquelas tristes memórias. Celito conta que em muitos momentos também se questionou se deveria ter remexido no passado, principalmente quando não encontrava as respostas que procurava.



Os principais questionamentos do público foram acerca do sobrinho do debutado, Luiz Fernando, que foi levantado como suspeito mas foi descartado pela polícia que trabalhava para incriminar Euclydes. O autor trouxe novas informações sobre ele e confessou que acredita na culpa do sobrinho.

O encerramento do + que Prosa foi feito com a leitura de um trecho do livro pelo autor, que depois o sorteou entre as pessoas presentes. A contemplada, Nara Denize Rosses, que estava acompanhada da irmã, Berenice Seixas Rosses, recordou o dia em que chegou em casa do colégio e ouviu no rádio a notícia da morte de Margit: “Meu pai e todas as pessoas comentavam sobre a ‘dama de vermelho’. Hoje, o envolvimento do sobrinho de Kliemann revelado por Celito me surpreendeu muito”.


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