Uma noite para ouvir + que histórias

Final da tarde com chuva em Porto Alegre... Sinônimo de estresse?
É óbvio que NÃO!

Pelo não foi o que aconteceu na Biblioteca Publica Municipal Josué Guimarães. A terceira edição do + QUE PROSA contou com a presença de mais de trinta pessoas que se deliciaram com as histórias de David Coimbra e Kadão.
O papo começou com o David, falando sobre a parceria repórter-fotógrafo. Contou a história de um prêmio que recebeu por uma reportagem que fez sobre as FARC e que dividiu com o fotógrafo que o tinha acompanhado. Essa relação, que para ambos era proveitosa e prazerosa, infelizmente, não existe mais. Kadão falou de sua parceria com o jornalista Luíz Cláudio Cunha, e contou detalhes sobre o sequestro dos uruguaios Lílian Celiberti e Universindo Díaz em 1978 (fato que gerou o livro “Operação Condor - O Seqüestro dos Uruguaios”).


Ao ser questionado pela plateia sobre o porque odiava o escritor Machado de Assis, David riu e explicou que não odiava o escritor, e sim o jeito como ele era trabalhado nas escolas. “A guriazada não pode começar a ler autores como José de Alencar e Machado de Assis. Os adolescentes têm que ler Harry Potter, Dan Brown, Paulo Coelho...”.


Questionado sobre qual foto gostaria de ter feito, Kadão não titubeou: “Queria ter feito uma foto do Lupicínio Rodrigues”. A amizade entre as famílias fez de Kadão uma testemunha ocular de muitas histórias do boêmio Lupi. O que garantiu muitas risadas e boas lembranças a todos.


Depois, ao citar sobre a foto que mais se orgulhava de ter feito, apontou a do Brizola no exílio. Kadão contou a história da entrevista, quando Brizola só autorizou a publicar duas frases suas: “Fui derrotado militarmente, e não politicamente” e “Eu vou voltar!”. Kadão, naquela época, pensou “Ele nunca mais vai voltar!”, e brincou “os jovens acham que sabem tudo... Eu sempre desconfio dos jovens”.

David falou sobre uma entrevista que queria fazer com o Brizola. O tema era os 30 anos da legalidade, mas o então governador do RJ se negava a falar sobre o assunto. Amigo da equipe do Brizola, David foi colocado em uma sala no Copacabana Palace com Brizola e Mandela. “Ignorei o Mandela. Argumentei com o Brizola o quanto àquela entrevista era importante para as novas gerações”. Final da história, David foi o único jornalista a entrevistar Brizola sobre a Legalidade!


E as 2 horas de conversa passaram voando, e ninguém percebeu o tempo passar. Foi uma noite para ouvir e “ver” histórias, e provar que a literatura pode ser sim, muito mais que prosa.

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