80 anos de Ferreira Gullar


Na data de hoje, 10 de setembro, o poeta Ferreira Gullar completa 80 anos. Após 11 anos sem lançar coletâneas de poesia, para celebrar a data, o autor apresenta seu livro inédito Em Alguma Parte Alguma.

Ferreira Gullar estreou em 1949, com o livro Um Pouco Acima do Chão, que, por considerar “imaturo demais”, retirou de sua bibliografia. A partir de 1954, com o livro A Luta Corporal, o poeta inaugura sua trajetória na literatura brasileira, rompendo a sintaxe textual e espacial, aproximando-se da poesia concreta. Após romper com o concretismo, Gullar integra o movimento Neoconcreto, onde o sujeito poético pode integrar o poema como objeto plástico.

Ao longo de sua trajetória, Gullar escreveu peças de teatro como "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", com Oduvaldo Vianna Filho, e "Dr. Getúlio, sua vida e sua glória", em parceria com Dias Gomes. Flertou com o Cordel (durante seu engajamento político nos anos 60) e em 1975, quando exilado em Buenos Aires, escreveu seu livro mais debatido, Poema Sujo. Vinícius de Moraes foi quem trouxe fita com com o poema longo que trazia toda a carga emotiva e inventiva do poeta durante seu período de exílio.

Ao longo dos anos vieram Dentro da Noite Veloz (1975), Na Vertigem do Dia (1980), Barulhos (1987). Além de livros de ensaios sobre arte, como Relâmpagos (2003) e crônicas, como A Vida Banal (1989). Gullar também traduziu autores como La Fontaine e Cervantes.

Inventivo e esteticamente ousado, Gullar colaborou com a evolução da poesia moderna brasileira, sempre com seu apuro experimental e suas reflexões sobre o cotidiano e o sujeito. Uma de suas bases existências é a frase: “A vida é para ser inventada”. Aqui vai a nossa homenagem para Gullar, lembrando sempre uma de suas peças fundamentais para a compreensão da poesia:
“Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?”

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