Tatata: FE-NO-ME-NAL

Depoimento de Márcia Ivana de Lima e Silva

Ele era um gênio. Em muitos sentidos. Daqueles que sabe de cor passagens inteiras de romances... em francês; que cita com propriedade regras de português; que diferencia as versões de óperas. Foi com esta fascinação que conheci Tatata Pimentel, lá no final dos anos 80, quando compartilhamos diversas aulas no Pós-Graduação em Letras da PUCRS, junto com Ivo Bender. Para mim, era tudo descoberta e aprendizado, e, muitas vezes, eu não sabia quem me ensinava mais: a professora, Tatata ou Ivo.
Quando ele chegava, preenchia todos os espaços com sua presença, sua sabedoria, sua espontaneidade, sua gargalhada e sua voz inconfundíveis. Sua irreverência e sua ironia também eram marcas de gênio.
Depois que deixamos de ser colegas, sempre que nos encontrávamos era uma festa, e ele se lembrava com detalhes de nossas aulas. No ano passado, fomos júri do prêmio Açorianos, e me senti reportada àqueles anos 80 em nossa reunião: a mesma euforia produtiva de quando estudávamos os textos para serem discutidos em aula. Agora me dou conta: como era bom ser aluna ao lado do Tatata e do Ivo.
Agora me dou conta de que não o encontrarei mais nem na Cultura, nem em lançamentos, nem na Feira, nem nos Cafés, nem em júris. Agora me dou conta de que restará apenas a lembrança de sua voz recitando Proust.

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