História Regional da Infâmia

Juremir Machado da Silva está concorrendo ao Prêmio Açorianos de Literatura 2011, categoria Ensaio, com a segunda edição de História Regional da Infâmia: O Destino dos Negros Farrapos e Outras Iniquidades Brasileiras (Ou Como se Produzem os Imaginários)
 
O livro, lançado pela L&PM, reúne uma série de textos do jornalista e professor da PUCRS que contestam os mitos que compõem o imaginário da Revolução Farroupilha. Juremir, junto com uma equipe de pesquisadores, vasculhou cerca de 15 mil documentos sobre o assunto para reavaliar a Guerra dos Farrapos.

Uma revolução platina envergonhada

Muitos volumes e milhares de páginas já foram cometidos para mal contar a Revolução Farroupilha. Parece ter existido no passado uma secreta competição selvagem entre os historiadores em busca do texto mais obscuro, embrulhado e falacioso. É incrível como eles conseguiram atingir altos níveis de baixa literatura. Alfredo Varela, um dos mais conhecidos, teve o mérito de reunir a documentação que permite ainda hoje a busca de novas interpretações. Na principal obra que produziu, História da Grande Revolução, lançada em 1933, com fartura de expressões barrocas, chegou mais perto de uma leitura complexa do seu objeto do que a maioria de seus concorrentes movidos pelo nacionalismo ascendente da Era Vargas ou pelas encomendas oficiais para a comemoração do centenário da guerra civil, essa guerra particular que se tornaria o mito fundador da identidade gaúcha. Varela adorava expressões que hoje soam cômicas ou cruelmente verdadeiras: em lugar de cavalos, em momentos de arroubo literário, escrevia "solípedes". A Revolução de Farroupilha era a "ilíada continentina". Caxias, um mentiroso.

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