Entrevista: Mariana Bertolucci

O livro Bailarina sem Breu, de Mariana Bertolucci, é um dos três finalistas ao Prêmio Açorianos de Literatura 2011, categoria Crônica. 

Numa entrevista por email, Mariana nos contou sobre como a carreira no jornalismo influenciou seu texto, em quais gêneros literários ela pretende se aventurar num futuro próximo e quais são seus cronistas favoritos.

Em que medida tua formação acadêmica em Jornalismo contribuiu para tua aproximação do campo literário?
Bastante porque dei continuidade ao hábito de ler, que cultivo desde criança. Além disso, o curso de jornalismo confirmou que o caminho que gostaria de seguir era entre palavras e pessoas. Cheguei a pensar em outras mídias e até desejar fazer rádio ou televisão em alguns momentos do curso pois todas elas me fascinam. Mas desde que me senti um pouco mais segura como repórter e principalmente depois, com as crônicas, concluir um bom texto é algo que me deixa muito feliz e realizada. E é escrever e aprender cada vez mais a escrever que me emociona. Sendo jornalista, tive e tenho oportunidade de aprender sobre a escrita com muitos amigos e colegas generosos e experientes. Talvez isso tenha sido fundamental para eu achar a minha maneira de me expressar.

Lançaste teu primeiro livro de crônicas em 2011. Na tua visão de escritora, que fatores diferenciam um texto escrito para um jornal diário de um texto publicado em um livro? Os leitores têm perfis diferentes entre si, dependendo do veículo?

O texto literário tem toda a liberdade que o texto jornalístico não tem. Eu, enquanto jornalista, sempre tive três grandes dificuldades: a de escrever pouco, a de me desvincular totalmente dos entrevistados e suas histórias e a de não emitir minha opinião. Foi difícil me enquadrar nesse sentido. Meus editores todos sabem disso. Já na crônica, é como se eu tivesse inclusive a obrigação de entrar dentro dos textos: palpitando, sentindo, imaginando, supondo, lamentando, opinando. Sempre sem receio na hora de escrever. Uma reportagem tem que respeitar os limites do ''o quê, quando, onde, e como". Até uma crônica de jornal, não necessariamente, mas por motivos óbvios, acaba se amarrando ao factual. A literatura não tem limites. Nem com a realidade. Acredito que os leitores têm sim perfis diferenciados mas o bom leitor devora tanto jornalismo quanto literatura com voracidade.

Que escritores, em especial cronistas, influenciaram tuas ideias e tua maneira de escrever? Planejas escrever outros gêneros literários, como contos e romances, ou preferes te concentrar em crônicas?

Vargas Llosa, Rosa Montero, os Verissimo, Rubem Braga, Clarice Lispector, Lya Luft, Martha Medeiros e Claudia Tajes. As crônicas saem mais facilmente de mim e eu gosto bastante do gênero como leitora também. Mas como eu acho que a evolução e o desafio nada tem a ver com a facilidade, eu quero sim me aventurar em outros terrenos da literatura como contos, biografias e romances.

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