Don Frutos

Na categoria Narrativa Longa do Prêmio Açorianos de Literatura 2011, Aldyr Garcia Schlee concorre com o livro Don Frutos, uma história de romances, dúvidas e traições ambientada no interior gaúcho. 

O misterioso personagem que dá nome à publicação é um político uruguaio que, após uma breve passagem pelo Rio de Janeiro (mais especificamente, pela prisão da Fortaleza de Santa Cruz), desembarca em Jaguarão. Seu destino se cruza com o de vários personagens, a exemplo de Ana de Monterroso, o padre Oubiña e Ramón Mansilla:
Pois o padre Oubiña ou era meio atolondrado ou estava confundido ou tinha bebido por demais... O cura, depois de ouvir o que lhe havia dito em nome de Lavalleja -- que sim, que queria casar com Ana; depois, ainda perguntou a ela, simplesmente: deseja casar com este homem? E ela: sim. E quem era este homem, o homem ali ao lado dela? Era o homem com quem ela havia dito que desejava casar; era o homem que, afinal, pelo menos pela vontade manifesta dela mesma, o padre Oubiña declarava casado com Ana de Monterroso!

A gente toda está sempre tão habituada às arengas e prédica, às palavras de sempre dos padres, nas igrejas, que nem ouve nem se preocupa em saber o que ficam dizendo e repetindo eles, seja num casamento, seja num batizado ou numa missa de defuntos... De modo que ninguém se deu conta de com que mesmo Ana de Monterroso disse que desejava casar...

Bastou olhar para Felipe Duarte e Ramón Mansilla para entender que, como testigos, não haviam maliciado nada: estavam ausentes dali, apesar de por demais compenetrados e o mais ajaezados possível. Bastou ver uma luz meio que piscando, como que um lampejo de dúvida e de perplexidade, um brilho de nada nos olhos de Anita (quando ela disse sim), para notar como ela bem havia entendido tudo -- mesmo que ninguém pudesse testificar aquilo; e como ela parecia bonita, que lindaça estava!
 Falamos com Schlee quando ele foi indicado ao Prêmio Jabuti, confira o post.

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