Pelas Gruas da Feira do Livro
Foto: Lucas Reis Gonçalves |
Ontem à noite, a escritora portuguesa Lídia Jorge participou de um bate-papo literário com a patrona Jane Tutikian e o escritores Walter Galvani e Cíntia Moscovich. O evento, que aconteceu na sala dos Jacarandás do Memorial do RS, contou com uma dinâmica semelhante a uma entrevista, na qual os gaúchos faziam o papel de repórteres e Lídia o de entrevistada. Dentre os temas mais abordados do debate, reinaram assuntos como a identidade portuguesa, o processo e visão da escrita e a última obra da autora.
O título de O Vento Assobiando nas Gruas

Walter Galvani arriscou, por um momento, compartilhar a ideia de que o título, ou a estampa do seu produto, se dá quando a obra está completa. Articulando isso com o seu ponto de vista, Lídia se aprofunda um pouco mais no processo criativo: ressalta que o título é a primeira coisa que se se escolhe, mas a última que se adota.
Lídia e a Literatura
Da infância, com suas leituras familiares e heranças de um bisavô que "era pobre, mas culto", a sua maturidade literária, Lídia identifica, em si mesma, uma vontade de organizar o mundo - de dar a ele uma certa harmonia. E é por isso que, como ela mesma diz, "os meus livros, nas páginas finais, sempre reclamam mais harmonia para o
mundo".
A Língua Portuguesa
Assunto polêmico no debate, a Língua Portuguesa foi fruto de uma discussão sobre valores e gostos em relação a outras línguas. Lídia Jorge, que admite ser monolíngue, vê, na sua língua-mãe, o único instrumento pelo qual ela pode se expressar por inteira. "A alma foi feita para a língua e a língua foi feita pra alma", relata.
E Lídia continua:
O autor quer ser lobo, criança, homem e mulher. O escritor quer ser tudo e todas as coisas. E tudo a partir de um instrumento: a língua. Essa é a maneira pela qual vejo a língua: um instrumento. Instrumento que acompanha os riscos e perigos de praticar a literatura. E, ao contrário da religião, sabemos, na literatura, não há respostas.
Foto: Lucas Reis Gonçalves |
O autor quer ser lobo, criança, homem e mulher. O escritor quer ser tudo e todas as coisas. E tudo a partir de um instrumento: a língua. Essa é a maneira pela qual vejo a língua: um instrumento. Instrumento que acompanha os riscos e perigos de praticar a literatura. E, ao contrário da religião, sabemos, na literatura, não há respostas.
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