Evoé, Carnaval!

Literatura e Carnaval têm muito em comum


Para além da doce libertinagem que se apossa dos foliões durante quatro dias de festa, o carnaval também é matéria prima para produções artísticas sofisticadas. O momento dionisíaco a que nosso país se entrega e se deixa levar nos últimos dias de fevereiro ou começo de março representa um rico arcabouço folclórico onde a ruptura da ordem estabelecida e a desierarquisação se tornam realidade no Brasil.

A Literatura, sobretudo no século 20, soube valorizar a profusão de mitos e vozes que emanam desta festa pagã. O teórico russo Mikhail Bakhtin desenvolveu em Problemas da Poética de Dostoievski o conceito de carnavalização na literatura. A Literatura Carnavalizada é aquela que sofreu direta ou indiretamente influência de aspectos folclóricos. No Brasil, os modernistas dos anos 20 e a tropicália nos anos 60, são exemplos deste tipo de aproveitamento da cultura popular.

Além disso, diversos são os textos de nossa literatura que passam diretamente pelo carnaval: O País do Carnaval (1930), primeiro romance de Jorge Amado, é dos mais emblemáticos; Também o conto Terça-Feira Gorda, de Caio Fernando Abreu, é uma excelente pedida aos mais saidinhos; Carnaval (1919), de Manuel Bandeira, O Bebê de Tarlatana Rosa (1951), conto de João do Rio e a peça Orfeu da Conceição (1954) de Vinícius de Moraes são algumas dessas obras.

Na via oposta, os folguedos de carnaval também dirigem-se à literatura. Em 2009, a escola de samba carioca Mocidade Independente apresentou o samba enredo Clube de Literatura: Machado de Assis e Guimarães Rosa... Estrela em Poesia! Homenageando os dois maiores nomes da literatura brasileira.


Leia mais sobre Literatura e Carnaval:
DaMatta, Roberto. Carnavais, Malandros e Heróis.

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