Oferendas à Iemanjá


A tradição vira os séculos. A fé atravessa-os. Renova a cada ano. A manhã de 2 de fevereiro não faz parte apenas do calendário anual. Não é mais um feriado a ser contado. Desde 1871 Porto Alegre venera Nossa Senhora dos Navegantes, tornando-a a maior festa religiosa afro-brasileira da cidade. Desde então, milhares de pessoas realizam comovente procissão, sempre acompanhando a imagem milagrosa da Santa.
Em sua 136ª comemoração, em caráter oficial, o percurso sairá da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no centro da capital, e percorrerá longo trajeto até a Igreja dos Navegantes.
Em suas origens, a festa era marcadamente fluvial, pois saia das docas do cais do porto para o mesmo local onde hoje é reverenciada. Numerosos fiéis e devotos acompanhavam a pé pelas ruas até o mesmo local, quando não podiam seguir de barco. O culto, por muito tempo, levou as pessoas a acreditarem que Nossa Senhora dos Navegantes era padroeira de Porto Alegre e não Nossa Senhora Madre de Deus. A imagem da rainha das águas sempre foi cultuada como protetora pela comunidade porto-alegrense. De alguma forma ainda é. O encontro entre católicos e Iemanjá, a Orixá mãe, mantém-se vivo.
Atenta as manifestações de significado, a Editora da Cidade lançou, em 2009, o livro Festa de Nossa Senhora dos Navegantes em Porto Alegre – Sincretismo entre Maria e Iemanjá com a assinatura de Ari Pedro Oro e José Carlos Gomes dos Anjos. Um olhar estudioso e lúcido sobre a festa e em especial a extraordinária convivência fraterna e de respeito mútuo entre os devotos. Um livro de pesquisa densa e rica sobre o assunto que pode ser encontrado no Memórial do Mercado Público por R$ 25.

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