Retratos sobre a Lua
Há
174 anos, exatamente nesta época pós-reveillon, Louis Daguerre (1787 – 1851)
tirava a primeira foto da Lua. Daguerre foi um importante pintor e fotógrafo francês,
pai do daguerriótipo: um aparelho primitivo de fotografia.
Em 2 de janeiro de 1839 Daguerre tirou a primeira foto da Lua |
Sabe-se que a Lua é uma vertente inesgotável para a
poesia. É um constante desejo, um brilho na inspiração que emerge no céu. Diz a
lenda que um dos maiores poetas chineses, Li Po (701 – 762), morreu afogado ao
tentar abraçar o reflexo da Lua no rio Yangzi. Por isso, em homenagem a Daguerre, Li Po, e tantos outros
poetas que viram na Lua uma beleza infindável, mas, de certo modo, narrável. Em
homenagem, alguns poemas sobre a lua.
Bebendo à luz da lua
(Li Po)
Um jarro de vinho entre as
flores,
bebo sozinho - nenhum amigo
me acompanha.
Alço minha taça, convido a
lua
e minha sombra - agora somos
três.
A lua não bebe
e minha sombra apenas imita
meus gestos.
Mesmo assim, são elas as
minhas companhias.
É primavera, tempo de festa
-
canto, a lua escuta e
cintila;
danço, minha sombra se
agita, animada.
Enquanto estou sóbrio,
juntos estamos os três;
quando me embriago, cada um
segue seu rumo.
Selamos uma amizade que
nenhum mortal conhece.
E juramos nos encontrar no
mundo além das nuvens.
Lua adversa
(Cecília Meireles)
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
O Eterno Espanto
(Mario Quintana)
Que haverá com a lua que sempre que a gente olha é com o súbito espanto da primeira vez?
(Mario Quintana)
Que haverá com a lua que sempre que a gente olha é com o súbito espanto da primeira vez?
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