CONCURSO "POEMAS NO ÔNIBUS E NO TREM" JÁ TEVE UMA MENINA ENTRE OS SELECIONADOS

Mariana Medeiros Lenz sempre gostou muito de ler. Em um lar repleto de livros, ela tinha na avó Berenice (que morava no andar de baixo do apartamento da família no bairro Moinhos de Vento) uma dedicada contadora de histórias. Uma, duas, três, quantas vezes quisesse, a neta ouvia tudo atenta, curiosa e encantada, principalmente as poesias. "Eu adorava as rimas e o jeito como elas soavam. Olavo Bilac, Cecília Meirelles... era um passatempo nosso", relembra. "Os textos preferidos recebiam estrelinhas e até hoje guardo os livros com nossas marcações!"

Aos 10 anos, com a avó incentivadora
A partir desse estímulo, escrever foi algo natural. "De tanto ler histórias, me deu vontade de criá-las também", explica Mariana. Foram histórias em quadrinhos, contos, jornais e, enfim, a sua grande paixão, a poesia. "Tinha que ter rima."

Em 1998, com apenas 10 anos, a então aluna do Colégio Bom Conselho aceitou a sugestão da avó e de Célia Maria Maciel, com quem fizera uma oficina literária infantil: inscrever-se no concurso. O seu poema "Quero Ser Escritora" acabou selecionado junto com os trabalhos de outros 28 participantes, todos adultos. "Para mim, foi como ganhar o Oscar! A família vibrou, meus pais e avós contaram para o mundo inteiro e eu ficava envergonhada quando algum desconhecido comentava que eu era a escritora da família", conta.

Mariana confessa que nunca mais participou do "Poemas no Ônibus e no Trem" ou de iniciativas similares, apesar de ainda se aventurar pelo mundo dos versos e de adorar ler os painéis nas janelas, quando utiliza o transporte público até o local de trabalho. "O trajeto fica mais tranquilo, começo a pensar na vida..."

Mariana, 27 anos, hoje jornalista e advogada
Os textos que produziu ao longo dos anos seguem carinhosamente guardados. A poesia, no entanto, tornou-se um vai-e-vem em sua vida. "É como uma velha amiga a quem recorro em situações que me emocionam e inspiram. Em momentos de maior sensibilidade, qualquer coisa vira verso, escrito ou não", detalha Mariana, fã de Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana, além dos contos de Lygia Fagundes Telles.

O gosto pelas letras, aliás, influenciaria direta e indiretamente nas escolhas profissionais de Mariana, 27 anos, formada em Jornalismo e Direito e funcionária do Tribunal Regional Federal em Porto Alegre. "Pensando naquele poema de 1998, a conclusão é que eu escrevo muito, o dia inteiro, mas não virei escritora! Pelo menos por enquanto..."




"Quero Ser Escritora"
(Mariana Medeiros Lenz / 1998)

O boi agenor
quer ser cantor,

A vaca beatriz
quer ser atriz,

O sapo homero
fez vestibular e tirou zero,

A lesma
quer ser ela mesma,

E eu, minha cara leitora

quero ser escritora






Comentários

  1. Moro nos Estados Unidos há 26 anos (no momento em New Orleans), mas sempre volto à Porto Alegre, minha cidade natal, para visitar a família. Em uma destas visitas, saí da casa dos meus pais e não lembro onde fui, mas peguei um ônibus para voltar e o poema da Mariana Lenz estava na janela. Meu sobrinho Ivan, pequeninho, estava com minha mãe na cozinha, almoçando na sua cadeira alta, quando cheguei em casa. Ensinei o poema para ele, e ele memorizou rapidinho. Quando minha cunhada Márcia chegou para buscá-lo, ele declamou o poema para ela -- foi o máximo! Este tipo de memória querida me faz entrar na internet de vez em quando para procurar textos e pessoas. Hoje encontrei esta matéria, memórias da Mariana adulta, e isso me fez sorrir… Um abraço, Mariana! Carla Penz

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