Lexicário - Caio Riter e Lucas Reis Gonçalves

Caio Riter é escritor e jornalista formado pela PUCRS, além Mestre e Doutor em literatura brasileira pela UFRGS. Atua como professor de Língua Portuguesa no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, em Porto Alegre.  Também ministra oficinas literárias no SINTRAJUFE-RS. Dentre seus títulos, destacam-se O Rapaz que não era de Liverpool (Barco a vapor), Meu pai não mora mais aqui (Biruta) e Maria Degolada, Santa Assombrada (Edelbra). Seu livro mais recente é Pedro Noite (2011, Biruta). 

Caio Riter


CLL - De qual palavra da língua portuguesa tu mais gostas? 

Caio Riter - Muitas são dotadas de beleza, quer visual, quer sonora, quer no sentido. Sempre um desses critérios acaba me seduzindo para amá-las. Creio que uma palavra que atende a todos estes queditos é a palavra romance: boa de ouvir, de ver, de sentir.

CLL - Qual palavra tu não gostas? Que te doa os ouvidos? 

Caio Riter - Detesto a palavra ovo, apesar de ela ser harmônica na escrita e de ter um significado interessante: sempre uma vida a ser gerada. Todavia, seu som é feio, desagradável, oco.

CLL- E qual palavra tu achas que deveria ser resgatada? (no sentido de expressão antiga que deixou de ser usada publicamente).

Caio Riter - Gosto do verbo admoestar. Tem uma sonoridade bacana, uma espécie de parada que aponta para um outro ritmo dentro da própria palavra. Quase poesia.


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Lucas Reis Gonçalves é poeta e articulador cultural. Novo-hamburguense, atualmente mora em Caracas - Venezuela e trabalha no Instituto Cultural Brasil Venezuela como professor. Em 2012 foi finalista do Prêmio AGEs de Literatura com o seu primeiro livro, Se soubesse o que dizer, diria em prosa (Paco Editorial, 2011), e, através dele, criou, juntamente com o músico Dado Vargas, um novo projeto de declamação poética: Eletropoeteria. Lucas nasceu em 1990 e atualmente escreve para sites de literatura (públicos e independentes). Integrou, recentemente, a Nova Coletânea de Poesia Gaúcha Contemporânea.

Lucas Reis Gonçalves


CLL - De qual palavra da língua portuguesa tu mais gostas?

CLL - Qual palavra tu não gostas? Que te doa os ouvidos?

Lucas Reis Gonçalves - Eu gosto muito do verbo que tem tudo a ver com essa pergunta aí: o “curtir”. Curto, e curto mesmo . Além, é claro, de ser o novo popstar das redes sociais, ele tem um tipo de sutileza tão bem aplicada ao dia-a-dia que acaba deixando o “gostar” como um velho verbo brega e sem uso. Mas calma. De qualquer forma, eu ainda curto o “gostar”. Não GOSTO do “gostar”. Mas curto.

CLL- E qual palavra tu achas que deveria ser resgatada? (no sentido de expressão antiga que deixou de ser usada publicamente).

Lucas Reis Gonçalves- Vamos combinar: eu não sou o cara mais recomendado pra responder esse tipo de pergunta. Depois de pessoas velhos letrados que passaram por esse blog, HDs em pessoa, buscarem lá no fundo do fundo de algum lugar uma palavra linda, saborosa, carregada em sua etimologia, referente a um passado rico e de bons ares; eu, menino de vinte e poucos anos, não tenho lá muitas fontes a que recorrer. Mas, agora, vendo de perto a língua espanhola, me deu uma vontade ouvir de um brasileiro a pronúncia natural da palavra “quiçá”, que tem equivalentes em pleno uso hoje no Brasil, como o “se pá”. Se pá, ela volta, sei lá. Se voltar, quiçá eu volte pro Brasil. Quiçá.




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