Poesia Femina na América Latina | Brasil III

Ilka Brunhilde Laurito no centro.
Ilka Brunhilde Laurito nasceu em São Paulo, no dia 10 de julho de 1925. Foi uma escritora, poetisa e professora brasileira. Ativista, Ilka tomou parte de movimentos de divulgação literária como o Poesia na Praça e Poetas na Praça, em 1969 e 1975, respectivamente.

Na década de 1980, organizou Casimiro de Abreu, livro da coleção Literatura Comentada (Abril Educação), e publicou, com Flora Bender, Crônica: História, Teoria e Prática.  Formada em letras pela USP, Ilka trabalhou no magistério secundário e superior, publicando além de poesia, contos, crônicas e ficção infanto-juvenil.

Na década de 1960, foi diretora do Departamento de Cinema e Educação da Cinemateca Brasileira. Nos seus últimos anos de vida sofria de mal de Alzheimer, morava com uma sobrinha em Corumbataí, onde morreu após um acidente vascular cerebral.
Confere os versos da poeta:

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Proibido colocar cartazes:
em chão
parede
poste.

(Em homem:
pode.)



Hilda Hilst
Hilda Hilst nasceu em Jaú, no dia 21 de abril de 1930. Foi uma poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira. É considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX. Hilda Hilst escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil.

Assuntos tidos como socialmente controversos foram temas abordados pela autora em suas obras. No entanto, conforme a própria escritora confessou em sua entrevista ao Cadernos de Literatura Brasileira, seu trabalho sempre buscou, essencialmente, retratar a difícil relação entre Deus e o homem. Alguns de seus textos foram traduzidos para o francês, inglês, italiano e alemão. Em março de 1997, seus textos Com os meus olhos de cão e A obscena senhora D foram publicados pela Editora Gallimard, tradução de Maryvonne Lapouge, que também traduziu Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa.

Após seu falecimento, o amigo Mora Fuentes liderou a criação do Instituto Hilda Hilst. O IHH tem como primeira missão a manutenção da Casa do Sol, seu acervo e o espírito de ser um porto seguro para a criação intelectual. 

Confere os versos da poeta:

E por que haverias de querer...

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras liquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.



Poesia XXII

Não me procures ali
Onde os vivos visitam
Os chamados mortos.
Procura-me
Dentro das grandes águas
Nas praças
Num fogo coração
Entre cavalos, cães,
Nos arrozais, no arroio
Ou junto aos pássaros
Ou espelhada
Num outro alguém,
Subindo um duro caminho

Pedra, semente, sal
Passos da vida. Procura-me ali.
Viva.
Maysa
O que define uma poeta? Um livro publicado? A rima rica? O decassílabo, o soneto? Quanto da música popular é poesia? E quanto da poesia é música popular?

Escolhemos, para entrar na nossa lista de poetas, a cantora, compositora e atriz Maysa. A cantautora nasceu em São Paulo, no dia 6 de junho de 1936. Casou-se aos dezessete anos com o empresário André Matarazzo, dezessete anos mais velho, amigo de seus pais, e membro do ramo ítalo-brasileiro da família Matarazzo, de cuja união nasceu Jayme Monjardim Matarazzo, diretor de cinema e telenovelas.

Desquitou-se do marido em 1957, pois ele se opôs à carreira musical.

Maysa teve vários relacionamentos amorosos, entre eles, com o compositor Ronaldo Bôscoli, o empresário espanhol Miguel Azanza, o ator Carlos Alberto, o maestro Julio Medaglia, entre vários outros. Ao assumir o relacionamento com Miguel Azanza em 1963, Maysa estabeleceu residência na Espanha onde morou durante anos com o marido e o filho. Só retornou definitivamente ao Brasil em 1969.

Vivendo isolada na casa de praia em Maricá, desde 1972, para onde ia todo o fim de semana, Maysa morreu a caminho da mesma casa de praia em Maricá, enquanto dirigia a “Brasília azul” em alta velocidade, no dia 22 de Janeiro de 1977, por volta das 5 horas da tarde, na Ponte Rio-Niterói. O efeito de anfetaminas somado à ingestão excessiva de álcool e ao cansaço físico e psicológico que a cantora vinha sofrendo teriam provocado o fatídico acidente. 
Confere aí os versos da poeta:
 
Três Lágrimas

Eu chorei pela primeira vez na minha vida
Quando nossa vida se complicou
Éramos então duas crianças
Cheias de vida e de esperança
Lembro-me bem do teu olhar espantado
Quando te roubei um beijo bem roubado
E uma lágrima dos olhos me rolou

Eu chorei pela segunda vez na minha vida
Quando minha vida desmoronou
Tínhamos então mais vinte anos
Mágoas, saudades, desenganos
Lembro-me bem do teu olhar esquisito
Quando te olhei surpreso e muito aflito
E uma lágrima dos olhos te rolou

Eu chorei pela terceira vez na minha vida
Quando minha vida se acabou
Ia pela rua amargurado
Quando ouvi bem o teu chamado
Lembro-me só que já fugira a meiguice
Do teu lindo olhar agora era a velhice
E uma lágrima dos olhos nos rolou

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