Prêmio Açorianos: Eu e o silêncio do meu pai


Vencedor do Prêmio Açorianos de Literatura de 2004, com A cor das coisas findas; de 2006, com O rapaz que não era de Liverpool; e de 2009, com a coleção Historinhas bem..., Caio Riter volta a ser finalista da categoria Infanto-Juvenil do Prêmio Açorianos de Literatura, agora em 2012. Com o livro Eu e o silêncio do meu pai, o escritor concorre ao prêmio literário com outros dois craques de peso: Luís Dill (Decifrando Ângelo) e Celso Sisto (Continhos suspirados com poesia para depois das cinco).

A narrativa de Caio Riter é uma meia verdade de seu mundo - uma fantasia pontuada por suas realidades de menino escritor, de menino sonhador. Utilizando-se de uma estrutura estética distinta da boa parte que se produz na literatura contemporânea, ele cria dois narradores dispostos a contar a história do menino que se vê intimidado a entender seu silencioso e triste pai - menino que não compreende por que seu pai não é como os outros: pai.

Esses dois narradores escolhidos por Caio - um de terceira pessoa e outro de primeira, o próprio menino - ocupam-se, de maneira intercalada, com a continuidade temática e narrativa do texto. Se um fala do medo, o outro relembra o medo. Se o primeiro discorre sobre uma vaca, o segundo retoma o animal. E assim vai. Um ocupando-se com a narração, em tempo presente, do que acontece com o menino e o outro, narrando o passado, como o próprio (uma vez) menino.

Aqui, por exemplo, a voz do (ex-)menino toma frente:
Havia vezes em que minha mãe se rendia aos apelos (ou ordens) de meu pai e para que ele não saísse pros bares, mandava um dos filhotes ao armazém comprar um litro de vinho. A promessa do pai é de que beberia apenas um copo. Promessa que, todavia, ele jamais conseguia cumprir. Ela sabia, os filhos também.

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