Morria o príncipe da poesia brasileira


Olavo Bilac, príncipe dos poetas brasileiros.
Ao dia 28 de Dezembro de 1918 falecia, no Rio de Janeiro, o príncipe dos poetas brasileiros. Há, precisamente, 94 anos morria Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, mais conhecido como Olavo Bilac. Olavo Bilac nasceu e morreu no Rio de Janeiro, homem de dois séculos, foi uma das personalidades mais influentes de sua época, autor do Hino à Bandeira, fundador da Academia Brasileira de Letras, grão-mestre da poesia parnasiana e um dos poetas mais populares da literatura brasileira.

Olavo Bilac cursou medicina e direito, não se formou em nenhum dos dois cursos. A fixação pela palavra o levou ao jornalismo e, posteriormente, à poesia. Atuou também como tradutor. Sua projeção com a escrita o levou, também, às rodas de boemia da intelectualidade carioca. Republicano e nacionalista assumido, Bilac também foi funcionário do governo, atuou como inspetor escolar, além de ajudar na edição de livros didáticos da época.

Autor de consagrados poemas, como Língua Portuguesa, In Extremis, Hino à tarde, Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros, tem seu nome gravado na história de nossa literatura. Fica aqui a singela homenagem da Coordenaçao do Livro e Literatura. Confira abaixo alguns poemas do poeta-príncipe:


In extremis
Olavo Bilac 

Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
Assim! De um sol assim!
Tu, desgrenhada e fria,
Fria! Postos nos meus os teus olhos molhados,

E apertando nos teus os meus dedos gelados...
E um dia assim! De um sol assim! E assim a esfera
Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...

E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! E este medo!
Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais a morte...

Eu com o frio a crescer no coração, — tão cheio
De ti, até no horror do verdadeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!

E eu morrendo! E eu morrendo,
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! A delícia da vida!


Língua Portuguesa
Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho


Um beijo
Olavo Bilac

Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior...Glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
E do teu gosto amargo me alimento,
E rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,
Beijo divino! e anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto...



Comentários

Postagens mais visitadas