As aparências enganam: sobre buracos, pombas e seringas

O compromisso aqui, leitor, é o descompromisso, portanto avisamos desde agora: haverá talvez, nesse post, spoilers fictícios (leia-se mentirosos) sobre as capas que cá estão - em suas mais superficiais aparências. Não há desrespeito, nem há piada por mera piada - há criação sobre e a partir das imagens que ajudam a intitular determinada obra. Temos, então, sobre a capa, o pré-conceito; além dela, a verdade. Fiquemos, por enquanto, amigo, com o primeiro.

O buraco da agulha
Ken Follett
E todos acham que o nosso grande irmão, Big Brother, é novidade na área. Mal sabemos nós da história do velho homem que via através dos buracos, o Sr. Flores. Esse homem, esse homem, sim, era o verdadeiro grande irmão. Por detrás das janelas, debaixo das camas, dentro dos guarda-roupas, atrás das pessoas, debaixo das pessoas, dentro das pessoas - em todos os mais inóspitos lugares estava o olho penetrante e invisível do Senhor Doutor Flores. Chamavam-lhe "Doutor" Flores pelas pequenas seringas de líquido escuro que carregava num dos bolsos. Era visto sempre por todos, a todo o momento, por todo o mundo, e em toda e qualquer situação. Porém seus olhos, na sombra do chapéu, nunca eram vistos. E, diziam os mais dizedores que o maldito enxergava pelas seringas - pelas compridas agulhas das seringas. Diziam também que a morte, não menos maldita, morava naquele corpo. Morava naquelas antigas seringas. E, com elas, perfurava quem, por acaso ou não, as enxergava.



A Pomba
Patrick Suskind
O policial Jonathan Noel, em uma de suas incansáveis perseguições a um bandido anônimo, encontra o meliante pessoalmente, mas uma pomba atrapalha a visão do policial, cobrindo o rosto do meliante. O bandido foge, mais uma vez, sem revelar sua identidade. Tomado pela raiva, Noel deixa de buscar o bandido e persegue a pomba que frustrou sua busca.

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