Depois do Sarau Mulher

E o Sarau Mulher foi um sucesso. Depois da apresentação musical de Vaness, Jane Tutikian resumiu, durante a divertida conversa que se deu no evento, o objetivo do dia. "Queremos falar da mulher — da mulher que é mãe, mas que é sogra também. Da mulher que trabalha três turnos se isso for preciso, mas que quebra a unha e passa o dia inteiro pensando nisso porque parece que o universo parou para olhar. Enfim, sem apelar para nenhum clichê, queremos falar de nós", explicou ela. O papo passeou por diversos pontos, inclusive as perguntas realizadas nas entrevistas para o blog da CLL. Quem seria o exemplo de mulher moderna? Em vez de moderna, prefiro a eterna Adélia Prado! - Uma mulher que não suporte esse rótulo! - como a mãe! - mas acho que a Tânia Carvalho é o exemplo mais completo! - ou a Madonna, que é uma espécie de Tânia Carvalho projetada a nível internacional!

Cada escritora escolheu um texto de uma das colegas. O resultado foi que Cláudia Tajes lia um trecho da Cíntia Moscovich, que por sua vez selecionara para ler no sarau o mesmo trecho de Iberê menino, da Christina Dias, que a Jane havia escolhido. Os textos de Adélia Prado também ganharam espaço no sarau, além de referências a outras escritoras e escritores como Clarice Lispector, Paulo Seben, Luís Augusto Fischer, Carlos Urbim e Caio Fernando de Abreu.


Ao final do sarau, as participantes elogiaram o estilo informal da conversa e a comemoração e homenagem (delas e do público) ao Dia Internacional da Mulher. "Acho que foi um papo engraçado, considerando que a Márcia Ivana e a Jane, por exemplo, são professoras, saídas do mundo acadêmico, mais formal. Mas todas nos conhecíamos, então essa familiaridade ajudou a ditar o ritmo", disse Cláudia Tajes. 

"No ponto em que estamos hoje, o que queremos é ser respeitadas como mulheres. Nós somos diferentes. Assim como respeitamos o homem na sua diferença, queremos ser respeitadas na nossa diferença", afirmou patrona da Feira do Livro de Porto Alegre. Jane complementou: "Mas acho que estamos vivendo em uma época muito legal. Claro que ainda há muito por ser conquistado, mas acho que já avançamos muito. Cada vez que a gente comemorar o Dia Internacional da Mulher, é importante lembrar que ainda há coisas para serem conquistadas."


"Adorei o sarau. A dinâmica foi ótima porque, como já nos conhecíamos, havia uma cumplicidade maior entre nós, entre o fato de sermos todas leitoras...", constatou Márcia Ivana. "Acho muito bom este tipo de evento que permite a discussão, principalmente esse clima de brincadeira que adotamos, porque tira aquele estigma de que literatura é chata. Conseguimos ter uma conversa completamente informal e tratar tanto de textos sérios quanto de textos mais 'soltos'."

"Acho que o sarau cumpriu o objetivo dele, que era de certa forma comemorar este dia (um tanto polêmico). E acho que - o melhor de tudo, é que fizemos isso com humor. Estávamos numa mesa de amigas", resumiu Cíntia Moscovich.

Christina Dias esclareceu: "Achei o sarau supreendente e delicioso de participar. Primeiro por rever minhas amigas....embora o foco seja sempre literatura. Uma espectadora me disse que se sentiu como se tivesse entrado na sala onde estávamos conversando e participasse da conversa. Fiquei muito feliz, porque era bem esse o objetivo: um bate-papo convidativo (sem exclusão de gênero, claro) de mulheres, sobre a mulher."


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