Múcio Teixeira

Quem quiser conhecer com afinco a obra do escritor Múcio Teixeira encontrará grandes dificuldades. A principal é que praticamente não há reedições de sua obra em nossas livrarias. Os exemplares do século XIX e início do XX são a pouca possibilidade de travar contato com os poemas do autor. Pouca, pois a compra dessas raridades oscila entre R$ 100 a R$ 500, preços nada acessíveis, oferecidos em sites de compra pela internet.

É pouco para um escritor que já foi dado como “uma grande revelação”, pelo poeta Fagundes Varela, e escreveu mais de setenta obras, em áreas diversas como ensaio, biografia, romance e poesia. 

Múcio Scevola Lopes Teixeira nasceu em Porto Alegre em 1857 e morreu no Rio de Janeiro, no ano de 1926. Filho de Manuel Lopes Teixeira e de Dona Maria José Sampaio Teixeira foi aluno do Colégio Gomes, tradicional da cidade de Porto Alegre, aonde conviveu com figuras como Demétrio Ribeiro, Assis Brasil e Júlio de Castilhos. Além de escritor, foi jornalista, médico, foclorista e diplomata. Com 15 anos publicou seu primeiro livro, de poesia, chamado “Vozes Trêmulas”. Após isso, continuou a escrever seja em prosa ou em verso. 

Múcio Teixeira, ao lado de Apolinário Porto Alegre e Caldre Fião, foi um dos criadores da Sociedade Partenón Literário, um grupo de intelectuais que publicou, discutiu e difundiu a cultura literária no século XIX. No ano de 1896, mudou-se com a mulher para a Bahia, onde ficou muito próximo da família do escritor Castro Alves, vindo até a publicar uma biografia do poeta condoreiro. Em 1899, mudou-se novamente, dessa vez para o Rio de Janeiro. Além da literatura, no final de sua vida, Múcio se dedicou bastante em estudar ocultismo, publicando textos com o nome de Barão Ergonte. 

Culto e poliglota, o escritor que teve uma produção de alto nível, tendo poemas reconhecidos até hoje em outros estados e países. Acabou por morrer esquecido, embora sua obra ainda resista. Apresentamos uma demonstração dela através do poema localizado abaixo. 

EVOLUÇÃO

Morri no mineral, para nascer na planta
Fui pedra e fui semente;
Brilhei no diamante e no cristal luzente,
E fez em mim seu ninho o pássaro que canta.

Na planta adormeci, e despertei um dia
No animal, que move os músculos e anda;
Percorri apressado urna senda sombria,
Vendo indistintamente urna luz na outra banda.

Do animal passei para as formas do homem,
E sendo homem estou muito perto do Anjo;
Só assim chegarei aos círculos que abranjo
Com a razão, que ainda as dúvidas consomem.

Poderei amanhã voar, batendo as asas
Pela vasta amplidão constelada dos céus:
Faisca, que desceu às cinzas e às brasas,
Ascenderei mais tarde a eterna luz que é Deus.

Algumas obras do autor: Violetas; Sombras e Clarões; O Inferno Político; Novos Ideais; Cérebro e Coração; Fausto e Margarida; Calabar; Os Gaúchos; e Os Minuanos.

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