180 anos de Álvares de Azevedo
Nascia, há 180 anos, na cidade de São Paulo, uma das peças essenciais para a composição do ideário pessimista brasileiro. Manuel Antônio Álvares de Azevedo, filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Mota Azevedo, dava bom dia ao mundo como quem chorasse a vontade de gritar contra a agonia do seu tempo.
O poeta fora um jovem brilhante. Já no Rio de Janeiro, fez-se aluno do introdutor da escola rômântica no país, Gonçalves de Magalhães, e passou a ler poesia assiduamente. Com 16 anos, retornou à cidade natal a fim de cursar Direito. Lá se aproximou de outros poetas boêmios, como Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães, e traduziu alguns autores, dentre eles Shakespeare e Byron. Entre 1848 e 1851, publicou alguns poemas, ensaios, artigos e discursos que iriam juntar-se, postumamente, a sua obra completa.
No verão de 1851, Álvares de Azevedo teve sua saúde abalada ao contrair tuberculose. Mais tarde, seu sofrimento foi agravado por uma queda de cavalo - acidente esse que lhe causou uma grave infecção e, consequentemente, a sua morte aos 20 anos.
Se eu morresse amanhã
Se eu morresse amanhã, viria ao menosFechar meus olhos minha triste irmã;Minha mãe de saudades morreriaSe eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!Que aurora de porvir e que manhã!Eu perdera chorando essas coroasSe eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alvaAcorda a natureza mais louçã!Não me batera tanto amor no peitoSe eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devoraA ânsia de glória, o dolorido afã...A dor no peito emudecera ao menosSe eu morresse amanhã!
(Publicado originalmente no Poemas no Ônibus)
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