Simplesmente, Pagu


Em 9 de junho de 1910, nascia Patrícia Redher Galvão, ou simplesmente Pagu. Considerada a musa do movimento modernista antropofágico, teve seu apelido criado pelo poeta Raul Bopp e, mais do que moderna, Pagu foi uma mulher muito à frente de seu tempo.

Fazendo sempre questão de ignorar opiniões alheias sobre seu comportamento, Pagu andava pelas ruas fumando, usando cabelos curtos e blusas transparentes e soltando palavões a quem quisesse (ou não) ouvir. Mas mais do que isso, Pagu defendia a participação ativa da mulher na sociedade e na política, e foi a primeira brasileira do século 20 a ser presa por motivos políticos.

Começou a escrever para pequenos jornais aos 15 anos. Aos 19, conheceu o casal de modernistas Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral que a apresentaram ao movimento antropofágico. Em 1930, Oswald separa-se de Tarsila e se casa-se com Pagu que estava grávida de seu primeiro filho, Rudá de Andrade, nascido no mesmo ano. Em março de 1931, o casal fundou o jornal O Homem do Povo, no qual Pagu criticava as feministas de elite e os valores das mulheres paulistas das classes dominantes. Em abril daquele mesmo ano, foi presa como militante comunista. Seria a primeira de uma série de 23 prisões ao longo da vida.

Separou-se de Oswald em 1935 e começou a trabalhar no jornal A Platéia. Durante a revolta comunista daquele mesmo ano, foi presa e torturada outra vez. Seis anos depois, em 1941, já casada com o jornalista Geraldo Ferraz, teve seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz.

Seu primeiro romance, Parque industrial (José Olympio, 126 páginas, R$ 25,00), publicado sob o pseudônimo de Mara Lobo em 1933, é considerado o primeiro romance proletário brasileiro. Além disso, escreveu também contos policiais sob o pseudônimo King Shelter, publicados na revista Detective, dirigida pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, e depois reunidos no livro Safra Macabra (José Olympio Editora, 242 páginas, esgotado).

Após várias tentativas de suicídio, Pagu morre de câncer em 12 de dezembro de 1962, deixando um exemplo de força e luta pelo espaço da mulher na sociedade. Por tudo isso, sua vida foi retratada no cinema, teatro e televisão, além de ser homenageada por Rita Lee e Zélia Duncan na canção Pagu.


Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão
Eu sou pau pra toda obra, Deus dá asas à minha cobra
Minha força não é bruta, não sou freira nem sou puta
Porque nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem
Nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem
Sou rainha do meu tanque, sou pagu indignada no palanque
Fama de porra-louca, tudo bem, minha mãe é Maria ninguém
Não sou atriz, modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima
Porque nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem

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