Literatura 2000

A literatura dos anos 2000 foi tema de debate ontem à noite na Biblioteca Municipal Josué Guimarães. Os escritores Daniel Galera e Antônio Xerxenesky conversaram com um público de 25 pessoas, relatando suas histórias de vida e o início de suas carreiras, além de debater sobre o espaço da literatura na atualidade e o funcionamento desta com os novos suportes eletrônicos.

Daniel Galera conta que aos 15 anos a literatura passou a ocupar lugar central em sua vida, quando começou a produzir seus primeiros textos. Aos 17, começou a levar esta produção a sério: inscreveu-se na oficina de redação literária ministrada por Luiz Antônio de Assis Brasil e em disciplinas de redação criativa na Faculdade de Publicidade. “As oficinas literárias são de grande auxílio porque apresentam aquilo que um leitor atento consegue apenas intuir, de forma sistematizada. O tempo da narrativa, as formas consagradas de desenvolvimento cronológico de uma história, o tempo de leitura da obra, são-nos apresentados de forma clara e esquematizada”.


Xerxenesky relata que se tornar escritor foi algo natural. Com a mãe formada em Letras, teve durante a infância e a adolescência os mais variados livros espalhados pela casa, fazendo com que logo se tornasse um leitor voraz. Aos 16 anos começou a escrever contos e a produção que reuniu até os 20 anos resultou no livro Entre lançado em 2006 pelo Fumproarte.

Os dois autores criaram editoras independentes. Daniel criou a Livros do Mal e Antônio a Não-Editora. O início de um selo independente não é nada fácil, contou Daniel, tínhamos que visitar banca por banca na Feira do Livro para conseguir distribuir nossos volumes. O grande propósito, é claro, era lançar nossos próprios livros, completou Xerxenesky, até que conseguíssemos chegar às grandes editoras. O que de fato aconteceu. Galera foi acolhido pela Companhia da Letras e Xerxenesky firmou contrato recentemente com a Rocco.

Instigados pelo público, os autores falaram sobre a influência das novas mídias em suas narrativas. Muita coisa mudou, falou Daniel, desde as relações entre as personagens até o cotidiano do próprio escritor e, sobretudo, a Internet possibilitou que as pessoas comuns transformassem seu cotidiano em narrativas. A distribuição também foi privilegiada, podemos vender livros para todo o país sem termos uma distribuidora propriamente.

No final da noite, como é tradição no + que Prosa, Galera leu Nesky e Nesky leu Galera. Daniel leu um capítulo de Entre e Antônio leu um trecho de Mãos de Cavalo, em que o narrador descreve minuciosamente um check-list de equipamentos para uma expedição de escalada, preparado pelo protagonista Hermano.


Mariah de Oliveira, mestre em filosofia, comentou: “Sou aluna de uma oficina de criação literária e lá fiquei sabendo do evento. Gostei muito, principalmente pela informalidade e pela oportunidade de conhecer a nova geração de escritores”.

Kelli Pedroso, jornalista e autodeclarada leitora voraz, comenta que vem acompanhando o trabalho de Daniel Galera, tendo lido tanto sua obra quanto a de Xerxenesky. Segundo ela o evento foi extremamente interessante, tanto pela informalidade quando pela atualidade do tema.

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