Que seja doce, o Paraíso.

Caio Fernando Abreu, escritor, jornalista e dramaturgo, virginiano, regido por Mercúrio (o deus do falar as coisas tal como elas são, quer você queira ouvir ou não), nasceu em 12 de setembro de 1948, na cidade gaúcha de Santiago e, hoje, 15 anos após sua morte, homenageamos aquele que foi, mais do que tudo, um fotógrafo da fragmentação de sua época e, talvez, das seguintes. Sem perder a universalidade e a atemporalidade, desenvolveu temas como sexualidade, angústia, morte, medo e solidão, compondo a visão e a vivência dramáticas do mundo moderno.

Seu primeiro romance, Limite Branco, publicado em 1971, é o romance da juventude de Caio, que com fortes traços autobiográficos, trata de dúvidas, angústias, ambiguidade sexual e do medo de tornar-se adulto de um jovem dos anos 60.




Segundo a professora de graduação e pós-graduação do Instituto de Letras da UFRGS Márcia Ivana de Lima e Silva, “normalmente a obra de Caio F. é classificada como narrativa intimista, incluindo contos e romances. Na Literatura Brasileira, costuma-se filiá-la à prosa intimista, juntamente com Clarice Lispector, Lúcio Cardoso, Ligia Fagundes Telles, Nélida Piñon, para citar alguns escritores”.



Fragmento de manuscrito "Creme de Alface"


Caio F. frequentou o curso de Letras na UFRGS, onde foi colega de João Gilberto Noll. Em 1968, perseguido pelo DOPS, refugiu-se primeiramente na Casa do Sol, sítio situado em Campinas, de propriedade da amiga e escritora Hilda Hilst, exilando-se posteriormente, no início dos anos 70, em alguns países da Europa, tais como Espanha, Suécia e França.

Caio e Claire Cayron, tradutora francesa de sua obra.



Atualmente, no Instituto de Letras da UFRGS, são desenvolvidas pesquisas acerca de diversos aspectos de sua obra, tais como: Melancolia e crítica social em Morangos mofados; As crônicas de Caio como correspondência aos leitores; Astrologia na obra de Caio; Simbologia em Triângulo das Águas.


O impacto da obra do escritor gaúcho persiste e cresce ao longo dos anos, sendo possível observá-lo, ainda de acordo com a professora Márcia Ivana, em “alguns autores como Jane Tutikian e Cintia Moscovich, no desenvolvimento da narrativa intimista. Aos poucos, a obra de Caio vem ganhando relevância no cenário nacional, ao ser citado em antologias e histórias da literatura”.


Em 1994, o escritor descobriu-se portador do vírus HIV, que levaria dois anos mais tarde, há exatos 15 anos, aquele a quem Lígia Fagundes Telles se referiu como o “escritor da paixão”.
Paixão, paixão sentimento, martírio, paixão ardente, paixão mágoa?
Qual teria sido a paixão de Caio?
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Caio e a amiga Lygia Fagundes Telles

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